Há mais ou menos dois anos atrás passamos por uma experiência diferente em nossa vida, vivíamos a pandemia que foi a responsável de nosso afastamento das pessoas, até mesmo das que mais amamos. Foi um momento impar na vida do mundo e a todo momento ouvíamos pessoas dizendo que sairíamos melhores dessa experiência e que aprenderíamos muito, sobretudo a nos relacionarmos bem com os outros. Às vezes me pergunto se realmente melhoramos no relacionamento com os outros? Talvez a pergunta poderia até ser se relacionamos bem conosco mesmos?
Essa questão do relacionamento, a meu ver, passa por algo que acredito ser importante porque cada pessoa que se abre à outra precisa desejar intimamente que isso aconteça como possibilidade de crescer, ser melhor e aprender, pelo menos um pouco do outro. A questão é saber se há abertura para que isso aconteça. É preciso ter coragem. É necessário estar aberto ao novo. O outro é sempre “um novo” em nossa vida.
Penso que conhecer alguém e deixar que faça parte de nossa vida faça parte da “grande aventura da humanidade”, criada para relacionar-se. Essa “aventura é o grande desafio de cada ser humano, pois segundo Aristóteles “o homem é naturalmente um ser de vida comunitária”, com isso ele afirma também que “o homem é um animal político, porque possui uma inclinação natural para a relação com os outros”.
Pois bem, se somos seres de relações é bom que tenhamos a percepção de que isso implica em ter consciência de que nem sempre é uma tarefa fácil, porém necessária. Se é assim, porque tanta dificuldade? Porque ainda existem pessoas tão nocivas às outras? Porque na humanidade encontramos pessoas que não percebem quão bom é ter amigos, compartilhar experiências e aprender com os outros?
Quanto mais buscamos em nossa vida a prática da bondade para com as outras pessoas mais nossa experiência de vida vai nos impulsionado a um crescimento como ser humano. Sendo assim, vale apena ser legal com as pessoas. Vale apena apostar em ser “legal” com os outros. Aqui vale a famosa frase que nós brasileiros usamos, quando dizemos que “o bem que fazemos aos outros volta para nós”, mas o mal também. Vale um trecho da música do Roupa Nova: “Vamos precisar de todo mundo. Um mais um é sempre mais que dois, pra melhor juntar as nossas forças, é só repartir melhor o pão. Para construir a vida nova, vamos precisar de muito amor.” Que nossa vida seja de valorização da vida dos outros. Isso nos ajudará sempre em nosso crescimento pessoal. Tratar bem os outros não é vantagem, é humanização. Sejamos humanos. Pratiquemos a gentileza e a leveza em nossos relacionamentos.
Pe. Jorge Filho, Pároco da paróquia Santa Clara de Assis, Buritis/Estoril.
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